Escape from New York (1981)

“Escape from New York” (1981)

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alusões pós modernas

Carpenter tem um talento muito especial para dar aos seus filmes um ambiente, um contexto, o sabor de um mundo específico. Esse ambiente é quase sempre associado a um sentido muito forte de lugar. Muitos dos seus filmes estão fisicamente localizados numa área reconhecível, relacionada ou não com o nosso mundo real e sempre retorcida de uma forma cinematográfica (visual).

Acredito que ele começa sempre a concepção de cada filme com esta ideia de lugar e ambiente. Depois ele constrói uma história que lhe permita explorar esse ambiente, normalmente com algo trivial, sem importância, que existe apenas para suportar a visão.

Aqui está: Manhattan, um dos lugares mais reconhecidos do mundo dos filmes. Retorcido para se tornar um mundo apocalíptico assumido (o facto de Plissken entrar nele de avião, e aterrar no topo do World Trade Center é uma ironia não intencional, 20 anos antes dos ataques).

Ele usa Kurt Russell, alguém a quem se pode confiar o tipo de papel que faz: fisicamente auto-consciente, com estilo, deliberadamente vazio. Ele é o tipo porreiro, porque representa este papel com um segundo nível de auto-referência, uma piscadela de olho às audiências, sempre: ele representa o papel de alguém que ele sabe que não pode ser levado a sério, e nós percebemos isso, sabemos que estamos a ver um tipo a representar um papel enquanto goza com isso. Isto é algo que Bruce Willes ou George Clooney também são capazes de fazer. É curioso que 25 anos mais tarde Russell participasse num filme de Tarantino que referencia com um sentido de ironia semelhante estes filmes que já não eram sérios, e aqueles antes deste. Russell participou nos dois níveis de ironia.

Mas Van Cleef é ainda melhor. Ele foi um actor secundário da primeira geração de westerns. Ele viveu o suficiente para se tornar um actor principal em 2 dos westerns geniais e irónicos de Leone. E aqui está ele, ainda a participar numa nova etapa da ironia em filme, representando um personagem que manipula e observa este western de um herói solitário lutando contra a falta de escrúpulos para benefício próprio. 3 níveis no mundo dos filmes, ele esteve nos 3. Notável.

Para lá disto, Carpenter usa todos os tipos de truques visuais, para enriquecer o sentido bizarro deste mundo. Esta experiência vale a pena, uma espécie de Blade Runner sem nada sério para dizer. Não te vai mudar, mas vale a pena.

A minha opinião: 4/5

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Vou começar de forma mais séria a tratar o tema do cinema e espaço/arquitectura. Espero poder introduzir novidades em breve